AMA Pangeia denuncia poluição causada pela Copasa em Pará de Minas

27/03/2014

Moradores do bairro João Paulo II e adjacências estão enfrentando sério problema em Pará de Minas, originário da poluição causada pelo esgoto sanitário que desce da Penitenciária Pio Canedo, localizada na estrada dos Costas. As vítimas são obrigadas a conviver com o forte odor que, além de causar intensas dores de cabeça, tem provocado náuseas. Segundo a dona de casa Alice da Silva, sua filha de 3 anos está sentindo incômodos diários. “Ela já nem almoça direito mais, está emagrecendo muito”, revela a mãe muito preocupada.

Mas os problemas não terminam aí, porque o esgoto oriundo da Pio Canedo está poluindo vários mananciais, minas e até mesmo o Ribeirão Água Limpa, que deságua no Ribeirão Paciência, como denuncia o sitiante Cornélio Hermes da Fonseca, que vem denunciando a situação há vários meses. Ele também é uma vítima da situação e sua propriedade, localizada na rotatória da Francap, está recebendo boa parte dos dejetos. Indignado, Cornélio diz que “a Copasa está agindo como uma empresa amadora, incapaz de resolver a poluição que ela mesma causa ao meio ambiente”. Em seu desabafo, ele diz ainda que talvez o problema estivesse resolvido não fosse o poder de fogo da Copasa. “É uma empresa forte, por isso ela consegue adiar o cumprimento de suas obrigações”.

As vítimas da poluição têm um parceiro forte na mobilização em favor de uma rápida solução. A AMA Pangeia está acompanhando o caso e reconhece que toda a poluição é de inteira responsabilidade da Copasa. O gerente José Hermano de Oliveira Franco diz que a situação é tão grave que, hoje, já contamina até a bica d’água do clube da Associação Atlética do Banco do Brasil (AABB). “A água limpa que os associados estavam acostumados a usufruir ficou imprópria para consumo”, diz ele.

Cumprindo seu papel de proteger o meio ambiente dos descasos cometidos pela humanidade, a associação é mais uma voz a cobrar providências imediatas. E encontra respaldo no Ministério Público, através da Curadoria do Meio Ambiente da Comarca de Pará de Minas, onde o promotor Delano Azevedo está muito empenhado em resolver a situação. Em novembro de 2013 ele convocou a diretoria da Copasa e cobrou providências. Na época, a estatal reconheceu a responsabilidade pela poluição e assinou um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) comprometendo-se a fazer a obra de correção.

Segundo Dr. Delano, a Copasa também assumiu o compromisso de fazer o acompanhamento diário da elevatória, como medida preventiva a um possível entupimento das bombas, o que provoca o derramamento dos dejetos nos mananciais. “Acontece que o acordo não está sendo cumprido, pois eu mesmo tenho ligado para a empresa, alertando sobre o não funcionamento da bomba. A empresa sequer tem um dispositivo de alerta” denuncia Cornélio Fonseca. E diante dessa realidade gritante, o representante do Ministério Público determinou que fossem instaurados inquéritos civil e policial para que a Copasa responda tanto penalmente como civilmente. “A Copasa sempre faz o maior alarde quando toma prejuízos mas, nesse caso, não tem demonstrado interesse em minimizar o impacto desse esgoto poluente dos mananciais”, conclui o promotor.

A VERSÃO DA COPASA

 Segundo o gerente de operações da empresa em Pará de Minas, José Gomes Ferreira, de fato o volume de esgoto da Pio Canedo está acima da capacidade de bombeamento da elevatória da Copasa. Ele informa que, na época, foi projetado um sistema de bombeamento para 398 detentos, além dos funcionários. “Como a população carcerária duplicou, o sistema se tornou insuficiente para a demanda”.

Gomes explica que a obra de correção já foi iniciada, sendo que o projeto prevê a construção de um conduto forçado, capaz de diminuir a quantidade de esgoto despejado na elevatória. A partir daí, a descarga da penitenciária atingirá um interceptor posicionado em local estratégico e de lá o material seguirá direto para a canalização de acesso à Estação de Tratamento de Esgoto (ETE).

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